Cinco mulheres são mortas por um familiar a cada hora, diz ONU

Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que 56% das 81,1 mulheres assassinadas em 2021

Por Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2022 às 16:06
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Relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que 56% das 81,1 mulheres assassinadas em 2021 em todo o mundo foram mortas pelo companheiro ou algum outro membro da família. Isso significa, em média, cinco feminicídios a cada hora.

Enquanto a maioria dos homicídios em todo o mundo são cometidos contra homens, 81% do total de mortes — apenas 11% dentro de casa, mulheres e meninas são desproporcionalmente afetadas pela violência na esfera privada.

De acordo com o relatório ‘Assassinatos de mulheres e meninas relacionados ao gênero’, do gabinete da ONU para Drogas e Crimes, os dados de feminicídio podem ser ainda maiores, já que quatro em cada dez casos de morte de mulheres não têm provas suficientes para determinar a motivação.

No Brasil, um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública corrobora com o relatório divulgado pela ONU. Segundo o 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que coleta informações com as Secretarias de Segurança Pública de todos os estados do país, 65,6% das mortes violentas intencionais de mulheres em 2021 aconteceram dentro de casa.

São consideradas mortes violentas intencionais os homicídios dolosos — quando há intenção de matar, a lesão corporal seguida de morte, o latrocínio — que é o roubo seguido de morte — e as mortes decorrentes de intervenção policial. O feminicídio, segundo o Código Penal Brasileiro, é o homicídio “contra a mulher por razões da condição de sexo feminino”.

Isabela Sobral, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), afirmou em entrevista para o SBT News que por ser o feminicídio “o resultado de várias violências que a mulher sofre ao longo da vida”, faz sentido que o número de crimes cometidos pelos parceiros seja tão alto. No país, 81,7% dos feminicídios são causados por companheiros ou ex-companheiros. “A existência dessa violência está relacionada a crença de uma superioridade, de que os homens podem fazer isso para dominar suas parceiras”, afirma a pesquisadora.

Para Sobral, os dados também mostram que as mulheres não estão livres da violência de gênero em nenhuma idade, já que eles são espalhados ao longo de todas as faixas etárias. O auge dos feminicídios é na juventude, chegando a 16% na faixa dos 18 a 24 anos. Segundo a pesquisadora, o pico da violência é amplo, com os maiores números entre 18 e 39 anos, e isso demonstra que são as mulheres em idade reprodutiva as mais vulneráveis.

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