“Seria burrice o PT não apoiar Arthur Lira”, diz Eduardo Cunha

Atual presidente da Câmara tem apoio de 15 siglas, somando 387 votos

Por Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2022 às 10:45
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Apoiar a reeleição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), era a única alternativa política do PT na disputa no Legislativo, para não criar problemas à própria governabilidade. Se não fizesse isso, “seria burrice”, afirma o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PTB).

Arthur Lira já tem apoio declarado de 15 partidos, incluindo PT, PSB, PCdoB e PV, que confirmaram a adesão na semana passada. Estima-se que tenha, hoje, 387 votos, muito mais que os 257 necessários para ser reeleito.

“Eles (os petistas) viram que o Arthur já venceu a eleição. Eleição é política e eleitoral. Na política ele já venceu, independentemente do PT. Eles iam partir para o confronto? Então resolveram aderir circunstancialmente o processo”, afirma Cunha.

Fantasma

Desde que começaram as articulações para a eleição à Presidência da Casa, o entorno do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fala do “risco Cunha”. Foi o ex-deputado que deu andamento ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas, o ex-congressista avalia que esse temor é a constatação dos erros que o PT e Lula cometeram no passado, nas articulações para a Presidência da Câmara.

“A experiência é a história repetida, e o PT sempre errou nesse processo da eleição do Legislativo. As pessoas falam muito na genialidade política do Lula, mas é preciso lembrar que nos seus dois mandatos ele errou duas vezes nesse processo. Quando diz que não quer repetir a história de Eduardo Cunha, não é o desfecho do processo do impeachment de Dilma Rousseff e sim que eles vão enfrentar, perder, e comprometer a política do governo que está se iniciando. Então seria um ato de burrice”, conclui.

O ex-deputado diz que o primeiro erro foi quando o então presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT), tentou aprovar uma PEC para permitir sua reeleição ao comando da Câmara na mesma Legislatura, mas perdeu  e o PT não conseguiu unidade da bancada em torno de uma candidatura. Resultado, o partido teve dois candidatos: Luiz Eduardo Greenhalgh e Virgílio Guimarães. Quem venceu foi um representante do chamado baixo clero, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), em 2005.

Depois, Cavalcanti renunciou – alvo de denúncias de corrupção – e houve uma eleição extraordinária. Na avaliação de Cunha, aí veio o segundo erro. O líder do governo da época, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), venceu e foi fiel ao Planalto num dos momentos mais difíceis do PT: o escândalo do mensalão. No entanto, na eleição de 2007, em vez de apoiar Aldo, o PT lançou o deputado Arlindo Chinaglia (SP). Isso desagregou a base e construiu um quadro para a disputa.

O terceiro erro, na avaliação de Cunha, foi o PT não enxergar na disputa de 2015 que ele tinha o apoio da maioria dos partidos e partir para o enfrentamento. “Lançaram uma candidatura do PT. Se fosse partidária, tudo bem, mas era uma candidatura do governo. Então puseram o governo contra mim. Não ache que foi a razão da disputa que tenha gerado o processo de impeachment. Eu venci a eleição e esqueci aquilo. O problema é que continuaram errando na política o tempo inteiro”, afirmou.

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