UM PARAÍSO CHAMADO LENÇÓIS

5 de novembro de 2021
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Estive pela primeira vez no Parque Nacional dos Lençóis como jornalista. Faz bastante tempo…..De lá para cá  as discussões em torno desse “deserto de areia” sempre tiveram prioridade para mim.  Não apenas sua beleza singular, seus mistérios que fazem a cada ventania um novo desenho das dunas ou o segredo dessas águas que formam lagoas tão deslumbrantes.

Caminhar sobre a areia branquinha no maior campo de dunas do país e ainda se deliciar com o mais lindo por do sol. Viver experiências incríveis em um passeio a pé ou de 4X4 credenciados. E ainda tendo a possibilidade de pernoitar nos oásis do deserto brasileiro. O parque é o principal destino do turismo no Maranhão. Está inserido no cerrado mais tem influência de outros dois biomas como caatinga e amazônia. São 155 mil hectares que cruzam três municípios maranhenses: Barreirinhas, Santo Amaro e Primeira Cruz. 

Sempre gostei de acompanhar o cotidiano das famílias que vivem no lugar e que herdaram de seus ancestrais um pequeno cantinho nesse paraíso.  Gente como seu Manoel Aguiar que conhece cada canto dos lençóis que nenhum guia turístico jamais sonhou em visitar. Tive uma longa conversa com ele e me emocionei. Vi como este cidadão dessa pequena comunidade tem cravado em si um sentimento de pertencer ao mundo das areias. “Se eu tivesse que nascer de novo, nasceria aqui. Não me vejo longe dessa terra. A gente é como guardião daqui. É o mundo que vem até a gente. Particularmente eu não tenho como fugir da história. Eu não tenho vontade de sair para outro lugar, diz seu Manoel.”

Outro personagem de Ponta do mangue que todo mundo que visita o lugar deve conhecer é dona Maria Ferreira. Mas ao chegar por lá perguntem por dona Maria do Celso- liderança conhecida em toda região e que fincou no apelido o nome do marido, já falecido, como uma singela homenagem. Ah! Ela também é responsável pela Associação Funerária dos Lençóis, ou seja, todo falecimento que acontece, dona Maria do Celso é quem toma as providências. Foram muitos anos sem energia até que Ponta do Mangue ganhou luz e cidadania a partir de um projeto executado pela empresa Equatorial. ” a gente comprava óleo diesel, isso quando eu consegui um gerador. Era escuridão mesmo. A gente não tinha nada, diz a líder comunitária.

O Parque foi criado como importante unidade de conservação em 1981. E lá, em meio as dunas, existem comunidades que vivem nesse território. Cerca de 5 mil moradores. Gente que herdou um modo de vida de seus antepassados que já eram filhos da areia há mais de 200 anos. Hoje muitas dessas comunidades são invisíveis publicamente, não sendo alcançadas pelas políticas públicas e reconhecidas como guardiães dos Lençóis. Os “nativos” estão fora do debate da delimitação do parque. 

Esse parque natural de ecossistema tão frágil precisa entrar na pauta de discussões de maneira mais ampla. Como aliar turismo, desenvolvimento, sustentabilidade e a proteção do lugar? Como garantir que políticas públicas alcancem os povos dos Lençóis Maranhenses? O maior patrimônio desse deserto de areia. Isso é possível?

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Quem sou

Olá pessoal!

Eu sou Cristiane Moraes. Jornalista, especialista em comunicação popular e mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão. Diretora de Conteúdo e Programação do Sistema Difusora de Comunicação. Quem conhece meu trabalho já sabe que amo contar histórias. Meu trabalho jornalístico sempre foi encarado como uma missão.

A partir da vivência com as comunidades e povos tradicionais venho contando histórias de um Maranhão que muitas vezes não se vê. E, é claro, com essas pessoas aprendi a ter uma nova percepção de mundo e de contexto social.

Neste espaço quero trazer discussões que mexem com o cotidiano das cidades e do mundo rural. Políticas que tratam da correlação entre meio ambiente, economia, desenvolvimento e o mundo social.

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